“Embora não saiba o motivo, algo me impele a procurar alguma coisa que possa equilibrar meu estado de espírito. Algo que me faça alegre quando eu me sentir infeliz e que ao mesmo tempo, me faça triste quando eu me sentir feliz”.
Os sábios, sem entender o que significava aquele pedido, foram pedir conselho a um santo Sufi.
O Sufi, depois de escutar o que os sábios lhe disseram, tirou um anel do dedo e entregou a eles.
“Deem este anel ao Rei. Existe uma mensagem oculta sob a pedra. Mas digam-lhe que há uma condição que deve ser cumprida. A mensagem não deve ser lida apenas por curiosidade, porque então ela perderá o significado. A mensagem está debaixo da pedra, mas é necessário um momento certo na consciência do Rei para encontrá-la. Não é uma mensagem morta que ele simplesmente vai abrir e ler.” Disse o Sufi.
“A condição que tem de ser preenchida é a seguinte: Quando tudo estiver perdido, quando o momento for impossível de ser tolerado, quando a confusão for total, quando a agonia for perfeita, quando ele estiver absolutamente indefeso, e quando nem ele nem a mente dele tiver nada mais para fazer, só então deverá abrir a pedra do anel. A mensagem estará ali”. Complementou o Sufi.
O Rei recebeu o anel e seguiu as instruções do Sufi, transmitida através dos sábios.
O Rei tinha muitos inimigos na corte. Certo dia houve uma rebelião e o seu castelo foi tomado por seus inimigos. Não lhe restou alternativa a não ser fugir para salvar sua vida. Seus inimigos não teriam piedade dele. Seria certamente morto, se capturado.
O país estava perdido. O inimigo estava vitorioso. Apareceram muitos momentos em que ele esteve no limiar de tirar a pedra e ler a mensagem, mas achava que ainda não era o fim: “Ainda estou vivo. Mesmo que o reino esteja perdido, posso recuperá-lo. O reino pode ser reconquistado”.
Os seus inimigos o perseguiram. Ele podia ouvir os barulhos dos cascos dos cavalos ao tocar nas pedras e chegavam cada vez mais perto. Ele continuou fugindo. Os amigos que seguiam com ele foram ficando pelo caminho. Seu cavalo morreu de cansaço e ele passou a correr a pé. Os pés sangravam, e embora sem poder andar nem mais um passo, ele teve de correr sem parar. Ele tinha fome e o inimigo se aproximava cada vez mais. Ele subiu por um caminho entre as pedras e chegou a um ponto sem saída. A trilha terminou. Não havia mais estrada à frente, apenas um abismo. O inimigo estava cada vez mais perto. Não podia voltar, pois o inimigo estava lá e também não podia saltar. O abismo era grande. Ele poderia morrer na queda. Agora parecia não haver mais possibilidades, mas ele ainda esperava pela condição.
Ele disse: “Ainda estou vivo, talvez o inimigo vá noutra direção. Talvez, se pular neste abismo, eu não morra. A condição ainda não está preenchida”.
E então, subitamente, sentiu que o inimigo estava perto demais. Quando ele decidiu saltar, viu que dois leões famintos e ferozes chegaram na parte de baixo do abismo e olhavam para ele. Não restava mais tempo. O inimigo estava muito perto e seus últimos momentos simplesmente haviam chegado.
Rapidamente ele tirou o anel, abriu-o e olhou por trás da pedra. Havia uma mensagem que dizia:“Isto também passará.”
De súbito, tudo se relaxou! “Isto também passará.” Aconteceu naturalmente um grande silêncio. O inimigo foi para outra direção se afastando cada vez mais. Ele então se sentou e descansou.
Depois de dormir por um longo tempo, ele acordou e começou a voltar em direção ao castelo. A medida que retornava ele ia tomando consciência de que seus amigos tinham feito uma contra revolução. Seus inimigos haviam sido derrotados. Chegando ao castelo viu que era novamente o Rei.
Nos dias que se seguiram houve um grande júbilo e grandes celebrações. O povo enlouqueceu, dançou nas ruas, iluminados pelas muitas luzes de várias cores dos fogos de artifício. O Rei estava se sentindo muito exitado e muito feliz. Seu coração batia tão rápido que ele pensava que poderia morrer de tanta felicidade. De repente, se lembrou do anel, abriu-o e olhou. Lá estava a frase: “Isto também passará.” E ele relaxou.